sábado, 11 de maio de 2013

24 de abril de 2013 - Agra - Taj Mahal

A distância entre Nova Delhi e Agra são cerca de 210km. Eu imaginei que íamos levar no mínimo 4h para lá chegar. Qual não foi a minha surpresa quando vi uma bela auto-estrada, toda sinalizada e com asfalto quase de seda!
Saímos de casa as 6h da manhã: eu, Manu, Auntie (mãe de Manu), Sunny (o rapaz que foi a conduzir o carro para nós) e Tiuze (uma menina vizinha deles em Delhi que foi conosco porque nasceu em Agra e supostamente conhecia tudo lá). Digo supostamente porque andávamos lá dentro a pedir informação na cidade de como chegar ao Taj Mahal. Eu imaginei que Agra fosse uma cidade pequena, mas é bastante grande. Um conselho quando for a India: peça sempre informação à polícia ou guarda de trânsito. É que os indianos gostam muito de ser simpáticos com os turistas e têm vergonha de não saber o lugar, desta forma, quando não sabem, inventam. Seguíamos uma direção indicada e depois percebíamos que estávamos completamente do lado oposto. O rapaz que conduzia o carro (Sunny) por precaução sempre fazia a mesma pergunta a três pessoas diferentes na rua e quando via um polícia ainda ia confirmar.
Saímos de casa sem comer e por volta das 7:30 paramos numa localidade chamada Noida para tomar um café da manhã rápido: chá ou café com leite com sanduiche vegetariano.

Auto-estrada para Agra.

Café da Manhã rápido em Noida


Pedindo informações na rua...


Depois de nos situarmos em Agra paramos numa tasca/boteco/café, como queiram chamar, sentamos e um tempo depois o rapaz que servia colocou grandes pratos com comida à nossa frente. Ainda eram 9:30 da manhã e perguntei porque íamos almoçar tão cedo. A Manu simplesmente disse "não é almoço, é café da manhã" e eu mal pude acreditar naquele "tanto" de café da manhã...


Ao sair do estabelecimento onde tomamos o nosso café da manhã, deparei-me com esta imagem... Um senhor a tomar o seu café da manhã....

Para ir até o Taj Mahal temos de trocar o carro por um daqueles carrinhos de golfe muito parecido com o tuck tuck. Podemos optar também por ir de camelo, mas provavelmente por ser muito mais rápido elas optaram pelo carrinho e eu tive de ir... :(


Para entrar no Taj Mahal há 2 preços. Para indianos, 20 rupias (cerca de 28 cêntimos de euro / 75 centavos de real). Para turistas, 750 rupias!!! Ou seja, 10 euros e 50 cêntimos / 28 reais!!! Mas como sempre eu não gastei nem uma rupia sequer!

Ver o Taj Mahal pela primeira vez é uma sensação indescritível! É como tornar palpável aqueles milhares de documentários que tantas vezes vimos na TV... É dar-se conta de que este grande mausoléu, a maior prova de amor do mundo, existe! A primeira coisa que pensei foi "uau, estou olhando para o Taj Mahal, estou pisando no Taj Mahal... que sonho!" É, sem dúvida, um deslumbre para os olhos...!

O Taj Mahal foi classificado pela UNESCO como Património da Humanidade e é uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo Moderno. O mausoléu foi feito entre 1632 e 1653 por 20 mil homens, provenientes de várias cidades do Oriente, para trabalhar no sumptuoso monumento de mármore branco que o imperador Shah Jahan mandou construir em memória de sua esposa favorita, Aryumand Banu Begam, a quem chamava de Mumtaz Mahal ("A jóia do palácio"). Ela morreu após dar à luz o 14º filho, tendo o Taj Mahal sido construído sobre seu túmulo, junto ao rio Yamuna. Shah Jahan adoeceu gravemente logo após o términio da construção do monumento e o seu filho tomou o trono para si, exilando o pai no Forte de Agra. Conta a lenda que Shah Jahan passou o resto do seus dias a observar o Taj Mahal pela janela do Forte. O Taj Mahal contém inscrições retiradas do Corão e é incrustado com pedras preciosas, inclusive diamantes negros. A sua cúpula é costurada com fios de ouro. A volta do edifício tem duas mesquitas e quatro minaretes. O prédio inteiro é feito de mármore branco caríssimo, da melhor qualidade. Este deve ser o motivo pelo qual nós não podemos pisar no Taj Mahal com os nossos sapatos sujos da rua... Devemos retirar e entrar descalço ou colocar uma capa nos pés, igual aquelas usadas por médicos nas cirurgias. Foi o que coloquei, pois estavam 43 graus e era impossível andar sem queimar os pés (apesar de, não sei como, haver alguns indianos corajosos completamente descalços...).



Antes de entrar literalmente no Taj Mahal tirei algumas fotos do lado de fora e pude observar cenas inusitadas como turistas indianos a tirarem fotografias minhas... Dois deles chegaram inclusive a pedir para tirar fotografias comigo, pedidos que foram negados por Manu e sua Mami "Nai Nai". Achei graça a situação e a Manu explicou-me que os indianos adoram tirar fotos com pessoas de pele clara, principalmente se o cabelo for claro. Já dentro do edifício duas crianças olhavam para mim como se estivessem a ver um ser de outro mundo. Estenderam-me a mão para apertar, mas os rostos continuavam sérios e os olhos esbugalhados... Assim, chamei-os para tirar foto comigo enquanto a mãe e o pai olhavam a sorrir.

Enquanto eu tirava fotos à volta do mausoléu, notei alguns rapazes tirarem fotos minhas de longe e Manu a volta tentando tapar meu rosto e a ralhar com eles. Eu só dizia "estou me sentido uma estrela de Bollywood" lol
Estar dentro do Taj Mahal é uma sensação maravilhosa... Pena que não podemos tirar fotografias... Com um jeitinho escondidinho com o telemóvel/celular, tirei uma foto bem rápida do túmulo da Mumtaz Mahal... E Shah Jahan ao lado...

Saímos do Taj Mahal e fomos a procura de um lugar para comer e a decepção com a cidade mais turística da India foi grande... Com excepção da área do Taj Mahal, Agra é uma cidade muito, muito suja. Nova Delhi não é exemplo, é muito suja também, as pessoas jogam o lixo no chão e pela janela do carro (como no Brasil), mas eu já estava tão acostumada com Portugal que passava horas com um lixinho na mão a procura de um caixote e não encontrava... Mas Delhi, com mais de 9 milhões de habitantes, ainda consegue ser melhor que Agra que tem pouco mais de 1 milhão. Havia tanto lixo amontoado ao longo das ruas que cheirava mal... De modo que precisava de muita coragem para escolher um restaurante para comer. Assim sendo fomos almoçar num hotel: chique, cheiroso e com ar-condicionado, contrastando totalmente com os 43 graus da rua.
Éramos 5 pessoas e foram pedidos 7 tipos de pratos mais o famoso pão chapati/roti. Não é à toa que 5 dias depois de chegar a India eu já contava uns kilos a mais facilmente notados nas fotografias! É que as comidas são deliciosas e como quase tudo era novidade eu provava de tudo! A sobremesa (sorvete) nem sequer me foi perguntado se queria, ela veio e eu comi... Já estava com a barriga "lotada"!
Ao sair do restaurante, entramos numa loja de calçados. Enquanto escolhíamos, um dos funcionários apareceu com uma bandeja com copos de água para nós. Recusei. Em seguida, outra bandeja com copos de cola. Recusei e Manu aceitou. Depois outra bandeja com copos de chai. Esse eu aceitei mais pela curiosidade de sentir o sabor (só para ver se era igual o de casa :p). Escolhemos as sandálias e mais uma vez fui impedida de pagar...

Estávamos já no carro a pensar regressar a Delhi quando a menina de Agra que estava conosco no carro viu o tio de moto na rua. Ele então convidou-nos a ir a casa dele. A porta de casa estava cheia de macacos e eu tirei várias fotografias. 

Chegamos lá, sentamos na sala e logo apareceram bandejas com água e refrigerantes. As pessoas na casa, muito curiosas, perguntavam quem eu era e de onde vinha. Fui sempre apresentada como alguém da família "irmã" (que na India irmã não biológica pode significar cunhada) ou "prima" dependia de quem perguntava. Se era algum amigo da família a Manu dizia que eu era sua irmã ou prima e explicava porquê... Se era alguém numa loja ou mercado (sim, até os desconhecidos perguntavam a Manu quem eu era), ela dizia mesmo que eu era sua cunhada. As pessoas sempre perguntavam o que eu estava a achar da India. Eles tem muito orgulho do seu país e cultura e todos eles sugeriam que eu regressasse outras vezes, de preferência no inverno.
Bebi refrigerante para não parecer mal recusar, mas estava realmente cheia e quase caio para o lado quando vi chegar as bandejas com batatas fritas, frutos secos e salgados... Disfarçadamente falei a Manu que não aguentava mais ver comida e ela sugeriu-me que eu comesse nem que fosse uma amêndoa...
A menina mais nova da casa resolveu nos mostrar o resto da casa e levou-nos também a casa da tia... Acreditem ou não, depois da apresentação e perguntas de "quem é e de onde vem" apareceram mais refrigerantes e salgadinhos. Eu pensei "só podem estar a brincar comigo". Receber pessoas em casa com comidas e bebidas faz parte da cultura indiana e é a maneira deles dizerem que o visitante é bem vindo. Peguei num refrigerante e fui bebendo pequenos goles enquanto respondia perguntas sobre o que achei do Taj Mahal etc etc... A Mami (mãe de Manu) chegou e sentou-se no sofá também. Os donos da outra casa vieram junto e trouxeram bandeja com chá e um bolo típico da região de Goa. Quando serviram a Mami, ela disse em punjabi "saachi nai". Eu perguntei a Manu o que significava e ela me disse que significa "realmente não!" Quando vieram servir-me o chai e o bolo eu disse "saachi nai!". Falei com grande entonação e gesto com as mãos... Todos caíram na gargalhada e a dona da casa resolveu insistir no bolo tipico de Goa. Eu provei, mas não gostei... saachi ruim!
Despedimos do pessoal e quando sentei-me no carro, apaguei. Quando acordei estávamos já quase chegando em Delhi, mais de 21h. Foi banho, jantar e cama!

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